QUINTA-FEIRA, NOVO CONFINAMENTO? OH VALHA-ME DEUS!

 


O frio espalha-se, o vento empurra as folhas, o tempo escoa-se e eu embrulho-me em roupas ásperas. É neste cenário melancólico que uma dúvida me assalta há vários dias. Pesquiso na net, procuro conselhos, escuto os astros.

E não há respostas fiáveis, confiáveis. A ignorância é um poço sem fundo, ameaçador, irreverente, que nos coloca em estado de ansiedade e tornamos a vida dos outros num inferno. Bloqueio as palavras, disperso-me em pensamentos e chateio os outros.

E há tantas coisas que ignoro e nenhuma é causa de angústia! Se há vida extraterrestre, se existe o bosão de Higgs ou a partícula de Deus, se o universo é infinito, ou se houve 700 ou 900 espécies de dinossauros, são bons exemplos. Mas há outros também interessantes. Saber se no futuro haverá carros voadores, ou se o homem chegará a Marte em 2030, ou se vão ser criados rins e fígados em laboratórios a partir de células estaminais ou se os homens vão viver até aos 250 anos. Estas questões não me levantam qualquer ansiedade. Nem tristeza, nem embaraço.

A ignorância que deixa rasto e que nos preocupa é aquela que nos remete para as questões mais simples, para o mais rudimentar. Saber quando o canalizador vai resolver o problema da torneira que pinga dia e noite, saber quando o técnico de computador nos entrega o equipamento ou ainda saber se o elevador avariado do prédio é concertado rapidamente.

Tudo soluções que não têm impacto com a vida do mundo nem com o equilíbrio do cosmos. Somos tão pequenos e as nossas angústias são tão ínfimas que pressentimos que o nosso destino humano não coincide com o destino do universo. Um pensamento apaziguador, convenhamos.

Mas há dúvidas que se sobrepõem a todas as questões metafísicas e científicas. E a minha, neste momento, é se a partir de quinta feira, dia 14 de Janeiro de 2021, recomeçam os atropelos cá em casa, todos em diferentes divisões, escalonados, a falar sozinhos para um computador, exasperados pela lentidão da internet, zangados com os enlatados, à espera de respostas, de soluções e do fim do mundo. Sinceramente, para bem da nossa saúde mental, espero que não.


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