A MELANCOLIA E O NATAL
A tristeza é o caminho da revelação. A euforia apenas nos permite o adereço e a superficialidade. Mas não é toda a tristeza que dá acesso à verdade. Há uma que nos impede de sair de nós, mas há outra que procura clareiras, que nos agasalha e nos projeta para um longínquo oásis. Ser feliz está sempre a um passo do passado. Nós nunca nos sentimos felizes, apenas sentimos que o fomos. O presente está condenado à deceção, ao entediamento, ao problema prático que demora a resolver, à vida mesquinha do dia a dia. Do mesmo modo, também não existe clarificação quando o espírito vive em frenesim, próprio do entusiasmo de quem julga, erradamente, que no presente realizou o próprio sonho. É o estado de paixão que é tão bloqueador como o sofrimento, que nos reverte de forma constante para nós mesmos, como ostensivo tirano, devorador do passado e do futuro. Se o sofrimento e a paixão nos amarram ao presente, a melancolia arrasta-nos à procura do devaneio. Recusa o presente, encontrando no p