Encontro-me numa fase da vida em que sentir-me cómodo com os outros se transforma quase numa obsessão. Prefiro a solidão do que o esforço em contribuir apenas para que o grupo se mantenha unido noite dentro. O mesmo se passa com as palavras. Quando converso só o faço se encontrar nos outros a comodidade em me ouvir. Não o fazer de conta, não o elogio fácil e fugaz mas o aconchego, do sorriso, do olhar atento e vibrante do toque no braço que remete sempre para o coração. Nesta idade funcionamos melhor se além do cuidado em ouvir-nos, a educação que nos convida a dizer, a atitude que nos incentiva a continuar, o reconhecimento implícito de que não é neutro o que se diz, não escusado, eficaz. Prefiro quase sempre o silêncio, claro. Prefiro guardar as palavras como reserva bancária para tempos medonhos que aí vêm. Prefiro nada ter para dizer do que ter que dizer para que o silêncio não se imponha. Facas aguçadas entre pessoas que se desconhecem e têm que continuar unidos por pa...
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