A Ilha

 

 



Rasgo-me à procura de trilhos e sorrio como uma criança quando os encontro espalhados em paisagens iluminadas por luas cheias, tantas quantas cabem numa folha de papel.

É estranho como as palavras se escondem por tempo indeterminado e depois surgem do nada, tão claras como lençóis de linho branqueados com lixívia. E a transparência permite a caminhada onde se adivinha a meta antes do próprio caminho se iniciar. Os dedos fogem por teclados mortos que ganham ecos e as palavras escorrem da solidão de um dicionário.

Outras vezes, resisto mal ao tempo que demora a passar. A vida é sempre teste à nossa paciência. Não procuro outro lugar, apenas clareiras onde se dissolvam os dias. E hoje comecei cedo correndo tanto para ocidente que ainda presenciei um sol orgulhoso a sair do monte. Não sinto pressa em descer o morro mas a praia cheia de luz atrai-me de forma irresistível.

Porque será que quem está lá fora anseia a ilha como espaço de libertação e para quem vive nela o espaço indefinido é o cenário onde se dissolvem mais facilmente as angústias?

 Germano

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